Confira detalhes dos debates mais importantes no 18º Fórum das Locadoras, maior evento do mercado de locação de veículos da América Latina.
— por Cristiane Cirilo, com edição de Cícero Nogueira
O 18º Fórum das Locadoras, que aconteceu nos dias 21 e 22 de novembro em São Paulo, reuniu milhares de profissionais do setor de locação de veículos de todo o país. No evento, foram debatidos diversos temas atuais e também tendências para os próximos anos.
A LOC1 foi uma das patrocinadoras e também esteve presente com sua equipe. Por isso, reunimos, neste artigo, os principais tópicos discutidos, além de imagens.
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Logo na abertura do evento, Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, apontou as mudanças comportamentais em relação ao uso/visão de carros, mobilidade e aumento de fiscalizações.
Lima destacou, por exemplo, que há muitos entraves para baratear o crédito nas locadoras: juros altos, retorno pouco significativo, entre outros. Além disso, chamou atenção para a transição energética no setor — ponto que classificou como positivo.
“As mudanças estão muito rápidas. É impossível pensar em apenas uma tecnologia e a transição energética é um bom ponto para analisar”.
— Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.
Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), comentou sobre a conexão entre a indústria e as locadoras, pontuando a complementaridade entre os segmentos.
Lima Leite lembrou que as empresas de locação têm uma proximidade grande com o consumidor (entendem mais o que ele quer, o escuta), e que isso pode ajudar o mercado de produção e comercialização de automóveis.
“As locadoras estão cada vez mais ocupando espaço e se tornando players do mercado automotivo. Nós as vemos como parceiras para as quais os produtos serão colocados no mercado, oferecidos pelo consumidor”, disse, acrescentando que "com os números de crescimento das locadoras, não vemos um cenário pessimista no Brasil. Há um aumento percentual na venda para locadoras e na venda direta.”
Para o executivo, o desafio tanto para a indústria quanto para as locadoras está em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e também em termos de tecnologia. "Muitas soluções nasceram no setor de veículos; e quem tem sensibilidade e conhece o que o consumidor quer, são as locadoras".
"A inteligência na locação de veículos pode impactar a indústria de uma forma muito grande. O ritmo das locadoras é um ritmo que tem ditado muito da produção do setor industrial automotivo.”
— Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Já o diretor executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) falou sobre as dificuldades fiscais e tributárias na realidade brasileira. “É necessário buscar neutralidade. Nosso sistema tributário hoje é confuso e complexo; nosso setor é muito tributado", pontuou, destacando que "as locadoras têm uma importância fundamental na distribuição de veículos e na liquidez do capital”.
Para Enilson Espínola, presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), comemorou a parceria com as companhias de locação de veículos. "Entendemos que todos os setores precisam ver como uma oportunidade de crescimento”.
A essa ideia de união também se uniu Marco Aurélio, presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA). "Não há espaço para divisão no setor de veículos; é preciso um trabalho conjunto".
A digitalização acelerada foi destaque na fala de Basílio Militani Neto, diretor do Departamento de Regulação Fiscalização e Gestão, do Ministério dos Transportes. Para ele, com o processo de digitalização, o acesso remoto está 'aposentando' dados de documento físico.
Citando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Neto pontuou que a questão dos dados vem ganhando mais maturidade, inclusive gerando mudanças na política… Ele relembrou que o Brasil tem o interesse de ingressar na Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e que uma das exigências dessa instituição global é a proteção de dados.
Pontuou também que o cidadão tem que ter um benefício para oferecer os dados, e que o uso do consentimento vai movimentar o mercado. "Várias informações podem ser úteis, mas o usuário precisa enxergar um benefício disso para passar essas informações".
Neto também advertiu sobre a necessidade de um regime de compliance nas empresas, sobretudo para evitar fraudes — que podem comprometer o uso estratégico dos dados.
Como não poderia deixar de ser, o tema da transição energética foi preponderante durante o 18º Fórum das Locadoras.
A começar pela palestra de Gustavo Willy (foto), analista sênior de transporte na Confederação Nacional do Transporte (CNT). Ele chamou a atenção para o Programa Metano Zero, iniciativa do Governo Federal para redução do metano de resíduos orgânicos que, entre outras frentes, prevê aumento da produção de combustíveis biodegradáveis.
O chamado biometano, destacou Willy, deve gerar muitas oportunidades para o setor automotivo. Apesar de que ainda não há um movimento claro do Governo para incentivo dos utilizadores — até o momento apenas as companhias produtoras de biometano recebem isenções e outros benefícios.
“Há muitas empresas que falam sobre a utilização, mas usam combustível fóssil ainda”, lembrou o analista.
Para Andy Shields (foto), diretor global de Business na INDICATA, o Brasil tem muito a crescer no que diz respeito ao uso de veículos elétricos. O executivo mostrou como os países europeus já têm iniciativas de incentivo fiscal para empresas de frota com combustíveis de fontes renováveis.
Lembrou também que uma preocupação do mercado brasileiro é o avanço dos fabricantes chineses, como a montadora BYD, hoje uma das maiores produtoras de automóveis com bateria elétrica — focada na tecnologia BEV, já presente no Brasil e em busca de ganhar market share na América Latina.
Essa concorrência, lembrou Shields, é bastante agressiva também na Europa. Especialmente porque a produção final dos chineses é mais barata, o que dificulta a competitividade dos players regionais.
Ao mesmo tempo, Shields também sinalizou otimismo para o cenário brasileiro. Para ele, o país está bem posicionado para estratégia BEV: seu nível de fonte renovável na produção é um ponto positivo. Ademais, o Governo Federal já sinalizou para o mundo que o Brasil vai virar uma potência ambiental — há um bom diálogo político mundial de incentivo à produção.
Também o deputado federal pelo Paraná, Luiz Carlos Hauly (PODE), esteve presente no 18º Fórum das Locadoras. Ele participou da mesa sobre a Reforma Tributária — recém aprovada no Congresso Nacional —, e seus possíveis impactos para o setor.
Ele destacou que o fato de grande parte da tributação estar centrada no consumo, as companhias, incluindo as locadoras, têm grandes despesas com combustíveis, peças, serviços mecânicos, entre outras frentes.
Além disso, pontuou que o Governo precisa dar mais incentivos fiscais e tributários aos micro e pequenos empreendimentos.
A ele se juntou Victor Hugo Scandalo Rocha, sócio e advogado da Rocha & Rocha Advogados. Para o jurista, ainda que a Reforma tenha como fim "destravar" o complexo sistema tributário nacional, muitas das mudanças serão de difícil entendimento.
Para Rocha, um destaque da Reforma para o setor de locação é que ele vem para descomplicar o atual cenário.
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Outra pauta com bastante audiência do público presente no no 18º Fórum das Locadoras foi o ESG (Environmental, Social and Governance). Ela foi trazida por Paula Harraca (foto), empreendedora, educadora e referência nacional no tema.
Focando nos desafios contemporâneos nas áreas de meio ambiente, sociedade e indivíduo, Harraca destacou que esses sao 'superpoderes' da Indústria 4.0. Para ela, as mudanças no comportamento humano a partir das tecnologias merecem atenção dos empresários.
Vivemos, segundo a educadora, um novo contexto que demanda das empresas novas formas de fazer negócios. Especialmente as competências necessárias para legitimar propostas de valor para a sociedade. "É uma pauta transversal, a gente precisa falar de ESG, o econômico vem junto".
Harraca relembrou que essa pauta ganhou força principalmente na pandemia, quando as escolhas das pessoas passaram a ser ainda mais criteriosas. Para ela, esse novo momento demanda uma 'virada horizontal', uma 'mudança de câmbio' para um mundo que era muito vertical. "As pessoas querem trabalhar, participar, criar juntas e esse poder do coletivo não é juntas de qualquer jeito: é juntas e misturadas de forma estratégica".
Dentro disso, aconselha, é preciso investir em diversidade, pois "times homogêneos passam a enxergar as coisas da mesma forma; é importante trazer pessoas que te sinalizem pontos cegos". Isso também se conecta a novas formas de organização e estilos de gestão.
Para tal, é aconselhável investir no que Harraca classificou como 'liderança ambidestra', ou seja, sair do binário; apostar na multiplicidade de ideias, soluções, produtos e serviços. Sob o risco dos negócios se tornarem obsoletos, pararem de inovar e, portanto, perderem competitividade no mercado.
Em linhas gerais, a palestrante trouxe a reflexão de como tornar as empresas melhores para o mundo a partir de uma competitividade consciente.
Para ela, os gestores e seus liderados precisam buscar respostas para perguntas como essas:
"Ninguém pode copiar a sua cultura organizacional. Ela é a única vantagem competitiva que os concorrentes não podem copiar de uma empresa", afirmou Paula Harraca.
Ela também reforçou que "cultura não demanda tempo, demanda atenção; precisamos olhar para as pessoas, exercer a nossa cultura e liderança; como a força de vontade das pessoas é impossível de ensinar, a cultura organizacional é importante".
O 18º Fórum das Locadoras, que reuniu gestores e profissionais do mercado de locação de veículos, foi fortemente marcado pela reflexão acerca da realidade atual. Além disso, como já é tradição, apontou tendências e provocou um olhar para o futuro.
Do reforço à importância do setor na economia nacional ao ESG, passando pelo desenvolvimento tecnológico que precisa ser acompanhado, os impactos da Reforma Tributária… Tudo isso marcou os debates trazidos pelo evento promovido pela Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA).
Para a LOC1 é sempre um prazer patrocinar esse evento, pois ele, ano após ano, coloca a todo o segmento na mesma página. Nossa equipe esteve presente e, podemos afirmar, voltamos com muitos insights para seguir melhorando nossas soluções que potencializam a inteligência operacional e de gestão das locadoras.
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